No início do ano, um grupo de moradores de rua tinham se acomodado na concha acústica da Praça Décio Orestes Limongi, no Centro. A proteção acústica servia de cobertura e os banheiros da praça serviam para as necessidades essenciais. Passados alguns meses, a situação daquelas pessoas começou a incomodar alguns moradores vizinhos.
A situação de abandono, sem qualquer amparo e o frio que chegou forte com o início do inverno fizeram algumas manifestações de solidariedade ganhar força. De acordo com o Departamento de Comunicação da Prefeitura, os moradores de rua foram instalados em um hotel da cidade e encaixados no programa emergencial de auxílio desemprego. Contudo, discutiram no hotel e tiveram que deixar o estabelecimento.
Para abriga-los do frio, quatro dos cinco moradores de rua aceitaram o abrigo oferecido pela Prefeitura, sendo dois junto ao prédio onde estão sendo guardados veículos e equipamentos do SAAE e outros dois foram alojados em uma sala de aula da antiga escola Prof. Augusto Elias Salles, onde está sediada da Guarda Civil Municipal (GCM), ao lado do Conselho Tutelar de Rio das Pedras.
Nesta semana, há quatro colchões na sala da antiga escola Elias Salles. “O que vimos foi ser aberto um buraco na parede da sala de aula, colchões sejam jogados no chão e as pessoas colocadas lá, sem qualquer amparo, sem água para beber ou tomar banho, sem banheiro para as necessidades, muito menos alimentação fornecida. Nem mesmo o entulho do buraco aberto na parece foi recolhido”, contou um morador vizinho que acompanhou a situação, mas que pediu para não ser identificado.
O acesso para o alojamento improvisado é o mesmo do que utilizado pelo Conselho Tutelar. Devido desnível com o pavimento, foi utilizado parte dos tijolos para construir uma escada improvisada. No buraco aberto foi colocada madeira menor do que o batente regular de porta, para evitar que o buraco aumente e prejudique a estrutura do prédio.
A passagem é o único ponto de entrada de ar. Com isso, o cheiro no interior do quarto é forte. No canto direito, embaixo da lousa escolar que ainda está lá, um colchão com algumas cobertas e garrafas pet aparentemente com água. Junto a lousa, onde era colocado o giz utilizado pelos professores, agora tem corotes de cachaça. Na porta onde dá acesso para o pátio da GCM, um saco de ração indica que também vive ali um cachorro.
Do outro lado da sala mais três colchões com cobertas, travesseiros, roupas e calçados espalhados. Muitas sacolas plásticas, garrafas pet e embalagens abertas fazem parte do cenário, assim como um conjunto de panelas e até mesmo um relógio de parede encostado no chão.
Moradores vizinhos contam que essas pessoas passam o dia pedindo ajuda nas residências próximas. “Há alguns dias eu tomei um grande susto chegando em casa de noite. Um homem me abordou, saindo do meio da escuridão na rua que tem uma iluminação péssima. Ele veio me pedir dinheiro, mas fiquei tão assustada que não consegui nem entender direito o que ele estava dizendo”, contou Cristiane Andrade, que chega do trabalho durante a noite.
Segundo informações da Prefeitura, durante as noites mais frias os moradores de rua receberam colchões, roupas e alimentação. As pessoas continuam atuando no programa emergencial, recebendo pelo trabalho e assim como uma cesta básica. “O local está provisório e há acompanhamento das assistentes sociais para que os que têm família possam ser encaminhados para elas”, completou a nota do Município.