Piracicaba está com seus principais hospitais com 100% de ocupação em leitos pediátricos. O cenário ocorre em meio a uma alta de internações de crianças por síndromes respiratórias. Estão com ocupação total a Santa Casa e o Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (HFCP). Além disso, até as 14h desta quinta-feira (23), três crianças estavam em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade aguardando vagas hospitalares, segundo a prefeitura.
Também na quarta-feira, a Secretaria de Saúde de Piracicaba informou que encaminhou ofício à Santa Casa e ao HFCP solicitando a abertura de mais vagas hospitalares em pediatria clínica e UTI pediátrica, em caráter emergencial. A pasta observou que esta ampliação no atendimento está prevista em convênio assinado com essas unidades hospitalares.
Atualmente, a prefeitura tem 59 leitos contratados nos dois hospitais, sendo 38 na Santa Casa e 21 no Fornecedores de Cana.
Demanda acima da média
A prefeitura aponta um aumento de 85% nos atendimentos pediátricos na rede municipal de saúde em relação à média diária. Em situações consideradas normais, a rede pública de saúde de Piracicaba atende no máximo 100 crianças por dia nas unidades de pronto atendimento. Atualmente, a procura fica entre 180 a 250 crianças por dia nas quatro UPAs da cidade.
“Nesta época do ano, já é esperado um aumento de 25% da demanda em nossas unidades. Porém, saiu um pouco da normalidade. Estamos com 85%. E pensando já lá na frente caso a gente precise do aumento de mais leitos para transferir essas pessoas que necessitam dessa internação, nós oficializamos os dois hospitais [para solicitar mais leitos]”, explicou o secretário de Saúde, Filemon Silvano.
Por que aumenta a demanda?
Historicamente, o aumento de doenças respiratórias está ligada a quedas das temperaturas e períodos de tempo seco, circunstâncias ainda não registradas. Os especialistas têm algumas teorias do que estaria acontecendo.
“Nós tivemos dois a três anos de distanciamento social e reclusão por conta da pandemia. Então, as crianças que nasceram na pandemia são crianças que têm uma pobreza imunológica. São crianças que não foram expostas regularmente, como sempre aconteceu nos anos anteriores, a esses vírus respiratórios, e não criaram uma memória imunológica protetiva para eles. Então, elas acabam muitas vezes fazendo uma reinfecção muito frequente e quadros com maior gravidade”, explica o pediatra do Vera Cruz Hospital.
Ele também relaciona o cenário à cobertura vacinal baixa, influenciada por informações falsas de que as vacinas fazem mal e não são seguras.
“Isso é inaceitável. Pela cobertura vacinal baixa, nós estamos submetidos a esse risco. Então, a recomendação da ciência é que a gente procure as unidades vacinadoras, sejam públicas ou privadas, e atualizemos o calendário das crianças, sejam as vacinas mais corriqueiras, já presentes no nosso calendário nacional de imunização, como das vacinas da sazonalidade. Nós temos a vacina da Influenza chegando para maiores de seis meses, e a vacina de Covid, que também está disponível para a mesma faixa etária”, acrescenta.