Estamos no mês de novembro, um período marcado pela celebração da Consciência Negra e da memória de Zumbi dos Palmares. Alguns ativistas brincam, de forma irônica, chamando este mês de “Paciência Negra”, pois é preciso ter estômago para lidar com os comentários negativos que ainda cercam as celebrações deste importante evento no calendário nacional.
O dia 20 de novembro é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, que resistiu bravamente à opressão da escravidão durante o Brasil-Colônia. Sua figura representa a resistência e a luta por liberdade. Nessa busca por direitos, é crucial ressaltar que a Assembleia Geral da ONU declarou o período entre 2015 e 2024 como a Década Internacional de Afrodescendentes. Isso reconhece a importância de promover e proteger os direitos humanos das comunidades afrodescendentes. Recentemente, o governador Tarcísio de Freitas sancionou o projeto de lei 370 de 2023, instituindo o Dia Estadual da Consciência Negra em São Paulo.
Mas, atualmente, o Dia da Consciência Negra foi estabelecido somente em cerca de 800 municípios brasileiros. Em São Paulo, cidades como Campinas, Itu, Hortolândia, Jundiaí, Limeira, Piracicaba, Sumaré, Valinhos e Capivari celebram essa data de forma especial. Promover essa data cria debate sobre a cultura africana no Brasil, abrangendo áreas como música, política, religião e gastronomia, entre outras. Como empreendedor cultural, vejo essa data como uma oportunidade para impulsionar o conceito de “Black Money”, gerando empregos para famílias negras e ao mesmo tempo protagonizando os jovens e empreendedores.
Embora isso seja importante, não limitamos nossa atenção ao dia 20 de novembro. Este é um período essencial para que os descendentes dos povos escravizados ampliem sua consciência, enfrentem o racismo, resgatem e valorizem sua cultura, e construam um projeto político para o futuro do povo negro.
Entretanto, é crucial não nos envolvermos em debates infrutíferos. Resista à provocação de questionamentos estúpidos e racistas. Gaste sua energia focando no povo negro e aproveite este momento para estudar a rica História Cultural dos Negros. Estude os príncipes, as princesas, os reis e as rainhas africanas. Pratique capoeira na cidade, estude hip hop, ouça samba.
Não interessa a nós conscientizar a população branca acerca dos privilégios. Esse é um trabalho complexo que não acontece de uma hora para outra. O racismo é muito mais profundo do que o próprio comportamento individual dos brancos. O objetivo é mudar o pensamento dos negros, conduzi-los a emancipação intelectual.
Neste “novembro negro”, vamos focar no nosso povo, na cultura e saberes ancestrais, no legado do herói quilombola – Zumbi dos Palmares; aquilombar-se é a única saída para a superação do racismo, e como disse o pan-africanista Amílcar Cabral: “temos necessidade de consciência, porque na medida em que o homem tem consciência da realidade, ele cria força para mudá-la.”
Por Áriston Batista