Foi realizada, na Escola Municipal Prof.ª Maria de Apparecida de Aguiar Degaspari, a primeira reunião formal da Associação de Moradores do Bairro Conjunto Residencial Vitório Cezarino (AMBVC). O propósito das pessoas que residem no bairro mais conhecido como Sem Terra é de promover a união para buscar melhorias que beneficiem a todos.
O primeiro encontro teve como intuito esclarecer dúvidas jurídicas, apresentar formalmente os membros e estabelecer pautas para futuras discussões. Elaine Barbati, que mora no bairro há 9 anos, é a presidente da AMBVC. “Sou uma pessoa que busca, a cada dia, alternativas para fazer a diferença na sociedade. Me sinto bem quando estou à frente de lutas que acredito, ou seja, lutar sempre por um mundo melhor, por uma sociedade melhor, por um futuro melhor para nossa sociedade. A cada dia, cada um fazendo a sua parte, quem sabe num futuro próximo teremos o orgulho de conhecer uma sociedade igualitária em todos os seus aspectos, mas, isso só será possível se cada um de nós descruzarmos os braços, sairmos do comodismo e, sem medo, defendermos o real valor de cada ser humano”, contou Elaine, que disse ter sido procurada para fazer parte da Associação.
Após as conversas preliminares entre os membros, foi estabelecido o estatuto, sendo o próximo passo a emissão do CNPJ. “A Associação foi constituída por 12 membros que irão deliberar a respeito de diversos temas, levar às autoridades quais as principais demandas que afetam todos os moradores. A emissão do CNPJ permitirá investimentos e arrecadação direta de empresas que desejarem participar das ações promovidas no bairro. Também será possível receber recursos encaminhados diretamente por deputados”, explicou o advogado Adeildo Silva, morador do bairro, que providenciou a documentação necessária sem cobrar pelo trabalho.
Entre as principais solicitações está a construção de um centro comunitário que permita a realização de eventos tais como casamentos e festas de aniversário para quem não tem condição de arcar com os custos do aluguel de um salão. O espaço também poderá ser utilizado para oficinas de música, artesanato e palestras.
Miriam de Jesus é a vice presidente; Onotinel Gonçalves Nogueira é o primeiro secretário, enquanto que André Licerre é o segundo; Nilton Cabral e Vitória Mikaely de Palma são primeiro e segundo secretários; Jorge dos Santos é o diretor social; Juliano Cabral é o diretor de esportes; Hugor de Almeida é diretor de cultura; Alessandra da Silva Joia, Cristiane Corrêa Felix e Raphael Apolinario Machado formam o conselho de ética.
Outra demanda recorrente no Sem Terra é a regularização os imóveis. Embora tenha sido permitido o desmembramento dos terrenos, uma vez que a maioria das casas foi construída em meio lote, o alto custo para a regularização dificulta a resolução. “Primeiro é preciso fazer o registro da escritura. Depois deve ser feito o desmembramento e isso deve ser feito pelos dois proprietários dos imóveis sobre o terreno. Caso algum proprietário tenha falecido, será preciso fazer inventário. Caso o imóvel tenha passado por mais de um morador, será preciso coletar assinatura de todos que residiram na casa. Tudo isso gera custos”, explicou Adeildo Silva, relatando que a questão persiste desde a instituição do bairro, em 1998.
“Sempre houve o sonho de instituir a associação e temos pessoas dispostas a batalhar. Nossa intenção é atuar na melhoria do bairro. Também temos a intenção de investir no esporte para as crianças. Temos um ajudando ao outro para fazer algo bem feito”, destacou Pastor Jorge.
O bairro já conta com projetos desenvolvidos pelos próprios moradores, como aulas de patins, de música e escolinha de futebol. “Há mais de 10 anos dou aula de música gratuita para crianças. Conseguimos doações junto a amigos ou custeio algumas necessidades para as aulas. A associação começou sem nada, com a ideia de um deputado de enxertar o projeto. Já entramos com três projetos constituídos”, contou Otoniel, responsável pelas aulas de música.
As reuniões da associação serão periódicas e algumas ações imediatas estão previstas, como a criação de um grupo de WhatsApp para tratar das demandas dos moradores. “Nosso foco principal está nas crianças e jovens, para dar opções de lazer e educação para tirar as crianças das ruas e afastar das drogas”, afirmou Cristiane. “Queremos que a Associação seja boa o suficiente para servir de incentivo para que outros bairros também façam suas associações”, completou André.