Segundo um levantamento do Conselho Regional de Farmácia do estado de São Paulo (CRF-SP), 98% dos farmacêuticos entrevistados relataram falta de algum medicamento. A pesquisa sobre desabastecimento foi feita com 1.152 farmacêuticos de todo o estado, principalmente do setor privado, mas foram ouvidos também fornecedores do setor público e filantrópico.
Deste total, 93% dos farmacêuticos disseram sofrer com o desabastecimento de antibióticos; 76% também indicaram falta de remédios para problemas respiratórios, principalmente medicamentos expectorantes e 68% deles apontaram a falta de remédios antialérgicos.
Em relação aos analgésicos, 60% dos profissionais relataram falta de remédios como ibuprofeno, paracetamol e dipirona.
Boa parte dos medicamentos em falta é de xaropes e remédios em gotas para uso pediátrico, o que traz uma preocupação maior com os tratamentos de crianças. Além disso, nesta época mais fria ocorrem mais doenças respiratórias, que provocam uma procura maior por antibióticos, analgésicos e expectorantes.
Segundo o Conselho, o motivo é a falta de insumos, provocada pelo lockdown na China e pela guerra na Ucrânia. Marcelo Polacow, presidente do Conselho Regional de Farmácia do estado, disse que não há como prever quando o problema será resolvido e que é importante que os médicos consultem farmacêuticos sobre o que está em falta antes de fazer a prescrição para os pacientes.
O Ministério da Saúde informou que trabalha para manter a rede de saúde abastecida com remédios oferecidos pelo SUS e para tentar evitar o desabastecimento. Já a Secretaria de estado da Saúde disse que os medicamentos listados pelo conselho são adquiridos diretamente pelas cidades.
Além da falta de remédio, nesta segunda-feira (20), a Confederação Nacional de Saúde publicou uma nota em que manifesta preocupação com a falta de soro hospitalar e também de contraste, medicamento usado para a realização de exames radiológicos em hospitais, laboratórios e clínicas particulares do país.
Prateleiras vazias
O gerente de uma farmácia explicou que muitas vezes o paciente chega com a receita e pela falta da substância é necessário consultar novamente o médico para saber qual outro remédio pode ser usado. “A gente já vinha daquela fase que estava faltando antigripal, pastilha, deu uma normalizada. Agora está faltando muito antialérgico, tudo de criança, corticoide, antibiótico infantil, não tem”, disse.